Quando falar, quando calar?
As palavras criam e destroem, mas o silêncio também. Por isso, é importante cultivar a arte de saber quando falar e quando calar. Se conseguirmos aprender, certamente seremos mais coerentes, precisos e assertivos.
O silêncio é um bem muito apreciado porque nos permite fazer pausas para pensar melhor, ponderar e modular o discurso. É também uma condição necessária para ouvir e favorecer a reflexão.
No entanto, quando nos calamos mais do que o necessário, também podemos contribuir para os mal-entendidos ou perpetuar situações indesejáveis.
O silêncio deve ser uma decisão, um ato de prudência, uma forma de coragem nem sempre valorizada.
Em algumas pessoas, ser de poucas palavras é um traço de personalidade. Apesar disso, elas também podem saber quando falar e quando não fazê-lo.
Quando você fica calado por outras razões, como medo, confusão ou desorientação, talvez esteja ficando calado por mais tempo do que o necessário. Como saber?
Há uma diversidade de silêncios:
- Existe o silêncio dos mortos ou o silêncio daquele que não tem nada que dizer, porque sua vida está vazia.
- Existe o silêncio cheio de tristeza do desamparado, que sofre, chora e perdeu toda esperança.
- Existe o silêncio tenso que se estabelece quando duas pessoas que não têm afinidades se veem obrigadas a estar em um mesmo lugar.
- Existe o silêncio respeitoso diante de um enfermo ou diante de uma tragédia.
- Existe o silêncio cheio de amor que brilha no olhar daqueles que se amam.
- E existe o silêncio daquele que escuta atentamente o que o(a) amado(a) ou superior tem a lhe dizer.
Carecemos do silêncio transformador. O ruído inunda as ruas, os lugares de trabalho, as casas e até os corações. O ruído atordoa, tem efeito devastador, provoca a revolta, agressividade e um estado de ânimo convulsionado.
Com o barulho, o espírito humano se acomoda, se anestesia, se dopa. O funcionamento normal do cérebro fica debilitado. A pessoa não sente, não pensa, não tem serenidade para decidir. Todas as expressões de vida se atrofiam. A criatividade seca, os sonhos desaparecem e o ser humano torna-se incapaz de escutar a música harmoniosa de toda a Criação…
Podemos gerar conflitos quando calamos mais do que o necessário
Se o seu silêncio está gerando conflitos, pode-se dizer que você está mais calado do que o necessário.
Somos capazes de nos expressar com olhares, gestos, posturas e atitudes, muito mais do que dando letras a nossos pensamentos e sentimentos. A comunicação é muito versátil e ampla, de modo que podemos dizer que apesar de nos calarmos, existem centenas de indicadores que farão a função de legendas e transmitirão uma mensagem.
Por exemplo, uma pessoa se sente chateada com a outra porque descobriu que ela havia dito uma mentira a seu respeito. Em vez de confrontar a situação e reclamar desse comportamento, ela decide permanecer em silêncio. No entanto, começa a mostrar atitudes hostis em relação à pessoa por quem se sentiu ofendida. Isto também cria uma barreira e afasta as pessoas. Neste caso, é muito provável que a pessoa ofendida mantenha por um longo tempo um certo ressentimento pela mentira de que foi vítima. E a outra pessoa talvez tenha perdido a oportunidade de explicar as suas razões ou reconhecer seus erros. Nessas circunstâncias, o silêncio não resolve nada, mas gera uma parede invisível que impede a solução de um problema.
Permitir uma injustiça
O silêncio diante de uma injustiça é insensibilidade ou covardia.
Nesse caso: “Quem cala, consente”. Isso significa que o silêncio é uma maneira de aprovar ou legitimar um abuso. Esse é um exemplo claro de que estamos mais calados do que o necessário.
Não é fácil levantar a voz para evitar que algo injusto aconteça, especialmente se o autor de um abuso for alguém com poder, como frequentemente acontece. Esse tipo de silêncio pode prejudicar uma vida. Falar no momento certo é tão importante quanto calar quando é necessário. A injustiça não deve encontrar cúmplices no silêncio.
Calar por insegurança ou timidez
Às vezes a vida nos leva a construir armaduras para nos protegermos. Talvez tenhamos passado por experiências nas quais nos sentimos agredidos ou violados, e isso nos leva a nos fecharmos dentro de nós mesmos por um certo medo que permanece latente. Essa condição frequentemente nos encoraja a adotar um estilo de vida no qual somos mais calados do que o necessário.
Podemos ter muito a dizer ou contribuir, mas decidimos guardar para nós mesmos, porque não valorizamos a nossa opinião.
Por medo de sermos julgados ou questionados, embora tenhamos consciência de que temos uma ideia valiosa ou uma iniciativa importante. Nesses casos, a nossa proteção contra o mundo se torna uma prisão que não nos deixa voar.
Não devemos calar o amor
Podemos dizer que somos mais calados do que o necessário quando não expressamos abertamente o carinho que sentimos pelos outros. O amor deve sempre ser expressado. Não é bom guardar palavras doces e afetuosas: aqueles que as recebem nunca pensarão que foram esquecidos. De fato, o carinho é um dos mais belos presentes que podemos dar para a outra pessoa. Todo ser amado é um empréstimo que nos faz viver melhor. Mais cedo ou mais tarde, o vínculo terminará. Ou porque a distância é imposta, porque os laços são quebrados ou pela morte. Portanto, todo momento vivido com as pessoas que amamos é precioso e nunca haverá palavras suficientes para demonstrar ao outro o quanto ele é importante em nossas vidas.
As tentativas de conexão mais complicadas são aquelas que estão ocultas pela raiva ou pela tristeza.
Existem muitos motivos pelos quais não queremos expressar os nossos sentimentos quando estão misturados com experiências ou emoções negativas.
Às vezes pensamos que a melhor forma de solucionar as coisas e de dar uma virada positiva às situações é evidenciando aquilo que incomoda e evitando pensar em coisas que entristecem, chateiam ou assustam.
Outras vezes pensamos que os nossos sentimentos são muito aterradores ou incômodos para expressá-los. Inclusive pode ser que você ache injusto carregar as pessoas que o rodeiam com assuntos emocionais e sentimentos que “não têm importância”.
Além disso, talvez você não saiba encontrar as palavras para explicar o que está acontecendo ou o que você sente, e pense que se você fizer dos seus sentimentos um motivo de comunicação, perderá a sua intimidade e a sua privacidade.
o fato de tentar ocultar os sentimentos não implica que não sejam percebidos, principalmente porque quando transbordam, ficam muito evidentes.
Não é difícil imaginar como por trás do sarcasmo está a hostilidade, ou como uma pessoa que desvia o olhar e sorri pode estar apaixonada por alguém, mas não quer reconhecê-lo.
De fato, quando se percebem as emoções ou procuramos compartilhar uma mensagem emocional, todos temos a tendência a observar com mais atenção a postura, a expressão facial, o tom da voz… Isto é, prestamos atenção não tanto no que se diz, mas em como se diz.
Em resumo, saber quando silenciar e quando calar está ligado intimamente ao emocional e também requer algo a mais do que pronunciar as palavras adequadas, pois é preciso enviar e receber mensagens verbais e não verbais com precisão. Raras vezes usamos somente a expressão facial ou a gestual para nos comunicar; fazemos isso de forma global.
Conhecer-se e compreender que as sensações são momentos que vem e vão, o tempo todo e a todo o instante; compreender que elas passam e você fica é o que irá ser fundamental para lidar com cada situação e saberá quando calar, quando falar, porque as sensações não são mais donas de ti, você consegue já percebê-las e posicioná-las.
Assim, ajudamos a mudar o mundo, unidos num só propósito: Cultivar a obra, servir a Deus, no calar ou no falar dependendo do que a situação necessitar.
Vou deixar somente 1 importante matéria como referência, porém há muitas matérias importantes neste portal e nos demais abaixo:
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Muito bom reler esse post depois de alguns anos. Ainda é muito forte o significado desse equilibrio entre falar e calar.